sexta-feira, 1 de novembro de 2013

meu roommate


Minha petite maison é pequenina mesmo E sou só eu e esses cantinhos. Aqui dentro, o mundo é meu. Sou eu que fantasio, construo, bagunço, organizo, sonho, choro, sofro, me alegro, me viro e desviro do avesso. Assim, sozinha. E agora, tenho que anunciar, não estou mais sozinha. A petite maison tem mais um morador, e eu, um roommate. Pensei muito antes de aceitar essa proposta. Mas, enfim, resolvi experimentar. E olha, esse roommate é um tanto abusado, tenho que dizer. De manhã, ele me acorda. Mesmo que eu esteja muito sonolenta, ele insiste que eu levante e não me deixa dormir de novo de forma alguma. Vou, me arrastando, colocar comida pra ele, porque o bonitão depende de mim até pra isso. Depois de colocar a comida dele, tento dormir de novo. Aí ele insiste em não me deixar dormir, reclamando que quer minha companhia enquanto come. Levanto e vou ao banheiro, fecho a porta, mas ele entra e fica olhando pra mim e reclamando que está com sede. Escovo os dentes enquanto ele fica tentando beber a água da torneira. Sim, ele não é muito civilizado. Até água preciso arranjar pra ele. Vou até a cozinha e arrumo a água pra ele. Então, começo a fazer meu café: coloco água e café na cafeteira, peneiro minha tapioca e corto meu queijo. Aí, meu breve momento de paz acaba. Ele volta a resmungar e só se dá por satisfeito quando corto um pedaço de queijo e dou na boca dele. Isso, na boca dele! Tomo meu café, enquanto ele fica na varanda, olhando a paisagem. Depois do café, vou tomar banho. Estou lá, debaixo do chuveiro, quando me dou conta que meu roommate está sentado na máquina de lavar (sim, a máquina de lavar fica no banheiro, a casa é pequena, não duvide). Saio do banho e vou me vestir, quando olho ele já tá enfiado entre meus vestidos, como se quisesse escolher a roupa que vou usar. Escolho a roupa e coloco na cama. Ele, abusado que só, deita na roupa. Tenho que expulsá-lo. Termino de me arrumar, procuro minha bolsa e já acho ele com o carão lá dentro, fuçando sei lá o que. Pego minha bolsa, me despeço dele e saio de casa. Mas tenho que confessar, mesmo com todo esse abuso, não me arrependi nem por um minuto de ter resolvido dividir minha petite maison. Toda noite, quando eu chego em casa, ele está sempre na porta me esperando, se enrosca em mim, pede colo e me dá lambidinhas. E a cada gracinha e a cada miado que ele dá, meu coração derrete. Um roommate felino é uma experiência deliciosa e querida de se ter.

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Obrigada pela visitinha à minha petite maison :)