sábado, 17 de agosto de 2013

Um final de semana longe dele


Eu devia ter desconfiado quando ele não me acordou na hora combinada. Há dias, ele vinha dando sinais de cansaço e eu não dava muita atenção. Refletindo agora, percebo o quanto ele precisava de um tempo. Eu andava muito ocupada, o dia inteiro fazendo ligações, algumas até internacionais, mandando mensagens, vendo emails, checando facebook, postando no instangram, distraída com o pinterest. Enquanto eu ficava imersa nesse mundo virtual, não  consegui perceber o quanto ele estava cansado, precisando mesmo recarregar suas baterias, e talvez só conseguisse isso se diantanciando de mim e da minha agitação. Bem, algum dia ele ia me mostrar com mais veemência o quanto precisava desse descanso.E ele escolheu hoje. Começou não me acordando na hora combinada. Mas eu, claro, não dei atenção a essa desatenção dele. Cheguei no aeroporto, atrasada claro, e vi que meu vôo já estava na última  chamada. Enquanto tentava passar no raio x, ouvia meu nome ser anunciado, e a segurança insistindo que eu ficasse descalça. Consegui convencê-la que não havia nenhum micro pedaço de metal na minha bota. Mas tive que tirar o cinto. E o casaco. Passei, a bota não apitou, peguei minha mala, minha mochila, meu casaco, minha sacolinha de lanchinhos saudáveis  (#rejanevitaminada) e meu cinto, claro. Nem olhei pra trás, só corri, corri e corri. Duas despachantes me aguardavam. Uma sorridente, elogiou minha mala. A outra, irritada, perguntou pela minha identidade.  Pedi que ela pegasse meu RG na carteira - eu não tinha mãos suficientes. Acho que esse favorzinho a irritou mais ainda. Enfim, entrei no avião, encontrei meu assento, coloquei a mala no compartimento de cima, sentei...ufa! Foi aí que dei pela falta dele. Cadê? Ué? Meu Deus!! Eu vim e ele ficou preso no raio x!!! Levantei atropelando meus vizinhos de fileira e corri esbaforida para falar com a aeromoça. Ela me orientou a falar com a despachante que estava na porta do avião. Claro que era a irritada em vez de ser a sorridente adoradora de mala. Só de me ver, parece que o nível de irritação dela aumentou mais um pouco. Quando contei meu problema, ela não se conteve, me empurrou para dentro do avião, falando que a porta já ia fechar e o vôo decolar. Não me restava nada a fazer, tentaria descobrir o que aconteceu quando desembarcasse em São Paulo. Ao chegar no Aeroporto de Congonhas, fui direto ao posto da Infraero e o funcionário entrou em contato com o aeroporto Santos Dumont. Sim, aconteceu, ele não embarcou porque ficou no raio x.Passaremos o final de semana separados. Acho que será bom para nós dois, ambos descansaremos. Mas eu tenho certeza que não fui eu que deixei meu celular na bandeja. Foi o celular que quis ficar.

Um comentário:

  1. Coisas do coração. Inexplicáveis a princípio, mas plenamente suportáveis. Imagino a tensão que lhe acompanhou no voo?! O medo de não conseguir vê-lo novamente. O "essas coisas só acontecem comigo". Mas, determinada como sei que é, tenho certeza que viu nesta dolorosa separação, o lado bom da liberdade sem controle...o seu era TIM? Se não, bem...agora é, rs

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Obrigada pela visitinha à minha petite maison :)