sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Diário de bordo: Voltei

Então, voltei. Com uma mala a mais e um celular a menos. O desafio de manter o monstro consumista desse lado do Atlântico foi fracassado. Mas o fracasso também não foi completo. Se é que existe semi fracasso. E se existir, então posso considerar que meu semi fracasso foi uma meia vitória? Ou isso é roubo nesse joguinho de tentar bancar Davi e enfrentar o gigante? Enfim, não sei, só sei o que aconteceu. 

E aconteceu que durante a minha primeira semana, em Londres, eu andava toda prosa. Sentia mesmo que tinha incorporado o Davi e cortado a cabeça do gigante que me persegue. Até resolvi batizar o meu monstrinho consumista de Golias. Mas não foi bem assim. Na verdade, Golias só não tinha conseguido me encontrar. Talvez porque ele não caiba no avião e tenha demorado a atravessar o oceano. Talvez porque eu estivesse em um bairro distante das zonas 1 e 2 e ele não tenha me descoberto no meio de tantas mulheres de lenços e burcas. Me confundi na multi(dão) londrina: multietnica, multicultural, multicolorida.

Já em Paris, fiquei em Montmartre, no coração da cidade, ao ladinho do Moulin Rouge e ao pé da Sacre Coeur. Aí não teve jeito. Golias me encontrou, me mordeu com força e me "presenteou" com uma mala azul. Era uma mala de mão, que eu tentei malocar pra não pagar peso extra na volta pra casa. Escondi na hora do check-in. E fui toda faceira com ela, minha mochila e uma sacola com uma superpopulação de bichos de pelúcia em direção ao portão de embarque. Mas não consegui chegar nem às estressantes esteiras de raio x. Fui parada antes, por uma funcionária da British Air, que me barrou dizendo que eu teria que despachar uma das três.  Voltei correndo para o check-in, levei uma bronca pela minha tentativa de ser malandra e só não paguei peso extra porque a atendente não queria atrasar a fila. Enfim, deu tudo certo, mas eu tive síndrome de avestruz e queria enfiar minha cabeça num buraco de tanta vergonha.

Voltando ao monstro. Depois de Paris, e antes de tentar malocar a mala do Golias, passei uns dias em Berlim. E consegui me esconder novamente. Na verdade, nem me escondi, ele que é sedentário e não quis subir as escadas até o topo da torre de cinco andares onde fiquei. Ele me tentou, pediu para eu jogar as tranças, a la rapunzel, mas eu resisti (até porque minhas transas não chegavam ao térreo). Porém, ele não deixou barato. E de raiva, roubou meu iphone. E foi assim que a cidade mais barata da viagem se tornou a mais cara. Mas nem por isso deixou também de ser minha favorita. Minha esperança é que Golias tenha gostado tanto de Berlim quanto eu e tenha resolvido ficar por lá.


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