sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Diário de bordo: delírios pré-viagem


Faltam nove dias para eu viajar com o Fabiano, meu namorado. Vamos para Londres, Paris e Berlim. Mas  eu quero contar um segredo pra vocês: desisti da viagem! É, surtei, chorei, puxei os cabelos, bati o pé no chão e gritei: não vou, não vou, não vou!!! Mas porque alguém desistiria de uma viagem assim, às vésperas? Aí eu vou ter que contar outro segredo. Vocês sabem aquele filme "Os delírios de consumo de Becky Bloom"? É aquele filminho bobo, estilo sessão da tarde, que a protagonista tem um caminhão de dívidas e nunca para de gastar? Pois é, eu sou aquela menina.

Confesso que até procurei um grupinho como o que a Becky Bloom frequenta. Achei vários, mas não cheguei a ir em nenhum, porque todos tinham uma pegada religiosa e isso me desanimou. Resolvi atacar o problema na análise. Tenho caminhando, com altos e baixos, idas e vindas. Mas mesmo que eu consiga largar essa vida, há um porém: o passado. Se o que dizem por aí que quem vive de passado é museu for verdade, então eu virei um museu enorme. Porque não posso abandonar as dívidas feitas nesse longo tempo de consumismo enlouquecido. E agora eu cheguei naquele lugar que as pessoas costumam chamar fundo do poço. Super endividada e sem crédito.  Então, quando me vi nessa situação, resolvi que precisava cortar o mal pela raiz e desistir da viagem. Mandei uma mensagem pro Fabiano, e disse "não vou mais!".

Fabiano levou um susto, óbvio! Quem manda namorar gente instável? Agora, senta e chora! Mas Fabiano não fez isso, não sentou nem chorou. Ele tentou me convencer de todas as maneiras de que não ir seria mais custoso do que ir, afinal as passagens e a estadia já estavam pagas (a minha parte jogada naquele bolo de dívidas), e eu não conseguiria recuperar todo o dinheiro, ou seja, pagaria para não viajar. Além de ser um desperdício financeiro, seria uma bad trip, passar as férias em casa, endividada e remoendo a viagem não feita. Isso tudo ele me disse, e também falou que me ajudaria com as despesas durante a viagem e ficou tentando me reanimar a viajar. Mas eu segui irredutível na minha súbita crise de consciência: não vou, não vou, não vou. Fabiano então disse: Ok, mas eu vou. Aí que cinco dias depois, a crise de consciência foi apaziguando, a vontade de ir foi voltando e eu resolvi ceder aos argumentos dele. Então, eu aceitei o desafio de fazer uma viagem o mais econômica possível, sem compras, comendo barato e tentando manter o monstro do impulso consumista sob controle. Sei que esse post tá muito "classe média sofre" e esse lugar que estou chamando de fundo do poço nem tá ruim (fundo do poço com viagem pra Europa tá é bom, né?), mas a compulsão existe e conviver com ela não tem sido fácil.

Agora faltam alguns dias para embarcarmos e temos que nos organizar para fazermos uma viagem o mais barata possível. E eu resolvi fazer um diário de bordo, começando nesses últimos dias que restam antes da nossa ida. Pensei em fazer um diário só para mim, naquele estilo bem adolescente de guardar segredos. Mas cheguei à conclusão que eu iria me boicotar, que sem a pressão social nada iria para a frente. Afinal, coerção social deve ser útil para algo, né. E foi assim que decidi me expor à vergonha pública. Como não consegui um grupinho de Consumistas Compulsivos Anônimos, escolhi vocês que lêem meu blog para serem avaliadores da minha saga. Tenho certeza que pelo menos um leitor esse blog tem: minha mãe. Então, mãe, capricha na bronca se eu escorregar, heim! 

Um comentário:

  1. Ah,não! Reivindico meu lugar de leitora do seu blog também!! Vá e aproveite! Tire muitas fotos de tudo que você gostar. A vontade de comprar passa (foi o que eu fiz quando fui a Madrid e Paris este ano...). Ficam as (maravilhosas) lembranças. A alma renovada. Dívidas sempre teremos. Uma hora você se estabiliza. Força aí!! Ah, e poste as fotos, por favor!! bjs e boa viagem!

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Obrigada pela visitinha à minha petite maison :)