Faltam nove dias para eu viajar com o Fabiano, meu
namorado. Vamos para Londres, Paris e Berlim. Mas eu quero contar um
segredo pra vocês: desisti da viagem! É, surtei, chorei, puxei os cabelos, bati
o pé no chão e gritei: não vou, não vou, não vou!!! Mas porque alguém
desistiria de uma viagem assim, às vésperas? Aí eu vou ter que contar outro
segredo. Vocês sabem aquele filme "Os delírios de consumo de Becky
Bloom"? É aquele filminho bobo, estilo sessão da tarde, que a protagonista
tem um caminhão de dívidas e nunca para de gastar? Pois é, eu sou aquela
menina.
Confesso que até procurei um grupinho como o que a
Becky Bloom frequenta. Achei vários, mas não cheguei a ir em nenhum,
porque todos tinham uma pegada religiosa e isso me desanimou. Resolvi atacar o
problema na análise. Tenho caminhando, com altos e baixos, idas e vindas.
Mas mesmo que eu consiga largar essa vida, há um porém: o passado. Se o que
dizem por aí que quem vive de passado é museu for verdade, então eu virei um
museu enorme. Porque não posso abandonar as dívidas feitas nesse longo tempo de
consumismo enlouquecido. E agora eu cheguei naquele lugar que as pessoas
costumam chamar fundo do poço. Super endividada e sem crédito. Então,
quando me vi nessa situação, resolvi que precisava cortar o mal pela raiz e
desistir da viagem. Mandei uma mensagem pro Fabiano, e disse "não vou
mais!".
Fabiano levou um susto, óbvio! Quem manda namorar
gente instável? Agora, senta e chora! Mas Fabiano não fez isso, não sentou nem
chorou. Ele tentou me convencer de todas as maneiras de que não ir seria mais
custoso do que ir, afinal as passagens e a estadia já estavam pagas (a minha
parte jogada naquele bolo de dívidas), e eu não conseguiria recuperar todo
o dinheiro, ou seja, pagaria para não viajar. Além de ser um desperdício
financeiro, seria uma bad trip, passar as férias em casa, endividada e remoendo
a viagem não feita. Isso tudo ele me disse, e também falou que me
ajudaria com as despesas durante a viagem e ficou tentando me reanimar a viajar. Mas
eu segui irredutível na minha súbita crise de consciência: não vou, não vou,
não vou. Fabiano então disse: Ok, mas eu vou. Aí que cinco dias depois, a crise
de consciência foi apaziguando, a vontade de ir foi voltando e eu resolvi ceder
aos argumentos dele. Então, eu aceitei o desafio de fazer uma viagem o
mais econômica possível, sem compras, comendo barato e tentando manter o
monstro do impulso consumista sob controle. Sei que esse post tá muito
"classe média sofre" e esse lugar que estou chamando de fundo do poço
nem tá ruim (fundo do poço com viagem pra Europa tá é bom, né?), mas a compulsão existe e conviver com ela não tem sido fácil.
Agora faltam alguns dias para embarcarmos e temos
que nos organizar para fazermos uma viagem o mais barata possível. E eu resolvi
fazer um diário de bordo, começando nesses últimos dias que restam antes da nossa ida. Pensei em fazer um diário só para mim, naquele estilo bem adolescente
de guardar segredos. Mas cheguei à conclusão que eu iria me boicotar, que
sem a pressão social nada iria para a frente. Afinal, coerção social deve
ser útil para algo, né. E foi assim que decidi me expor à vergonha
pública. Como não consegui um grupinho de Consumistas Compulsivos
Anônimos, escolhi vocês que lêem meu blog para serem avaliadores da minha saga.
Tenho certeza que pelo menos um leitor esse blog tem: minha mãe. Então, mãe,
capricha na bronca se eu escorregar, heim!
Ah,não! Reivindico meu lugar de leitora do seu blog também!! Vá e aproveite! Tire muitas fotos de tudo que você gostar. A vontade de comprar passa (foi o que eu fiz quando fui a Madrid e Paris este ano...). Ficam as (maravilhosas) lembranças. A alma renovada. Dívidas sempre teremos. Uma hora você se estabiliza. Força aí!! Ah, e poste as fotos, por favor!! bjs e boa viagem!
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